Existiria alguma razão para você odiar? Convido o leitor para adentrar comigo neste assunto. Vamos parar pra imaginar um pouco. Não! Não peço que você faça um cultivo do ódio. Até porque nem precisa. O ser humano odeia sem cultivar. Mas imagine você lidar com alguém que tenha concepções religiosas diferentes, imagine que você tenha que conviver com um outro desse.
Imagine, caro leitor, que você tem uma filha e ela resolve namorar o filho desse cara. Você é uma pessoa tranquila, bacana, acredita que o outro é legal, que dá pra conviver bem, você é muito simpático, tolerante.
Agora, imagine que eles resolvem casar. Aí começa a discussão: Casar onde? Você até poderia não fazer questão de como casar, onde casar. Mas não! Sua religião diz que você tem que casar daquele jeito, naquele templo, que sua filha não pode fazer tal coisa, por tal coisa, e tem que agir de tal forma. Imagina a situação!
Uma forma de evitar isso é ninguém falar com ninguém, ninguém se relacionar com ninguém. É viver dentro de “guetos” dentro da própria sociedade, cada um vive num bairro e ninguém se relaciona. Mas não, não dá! E aí, o que você faz com um outro desse que está entrando em sua casa? Adentrando seu território, seus costumes, suas crenças.
Eu, pessoalmente, acredito que a gente tem que investir na ideia de aprendermos a conviver com essas diferenças. O problema é quando essas diferenças ficam muito grandes. Uma tentativa de resolver isso, seria dizer que todo mundo pode amar todo mundo o tempo inteiro. Não dá pra amar todo mundo! Não dá. Talvez se você tiver uma vocação pra ser monge, freira. Mas mesmo assim vai ter um monge no mosteiro que você não vai com a cara dele, ou uma freira que você ache meio venenosa.
Existe guerra e ódio na humanidade há muitos séculos e milênios porque devem existir razões que levam as pessoas, em determinados momentos a odiar. Não é porque existe um “defeito de fábrica, porque Adão e Eva fizeram alguma coisa” e daí a gente começou a odiar. Ou, por outro lado, não é porque você não teve uma boa professora na escola que você não consegue amar todo mundo o tempo todo.
O cinema às vezes trabalha a ideia de: duas mulheres, uma judia e a outra muçulmana que não se conheciam, não tinha nada a ver uma com a outra e do nada ficam “super-amigas” e vivem “super-bem”. É bem legal isso, mas, quantas amigas você conhece judias e muçulmanas que conseguem viver a vida felizes passeando no shopping juntas?
A gente mata. Alguns acham que você mata por causa de Deus, ou você pode matar porque você é contra Deus. Você pode matar em nome de Deus, o que às vezes pode parecer ridículo. Como no caso, até onde a gente sabe do 11 de Setembro. O ser humano odeia. Seja lá por que razão for.
Por: Felipe Cruz
